quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

De Vicente Alencar

FORTALEZA
Vicente Alencar
(Representante de Limoeiro do Norte.)


Estamos em novembro de 2010.
Minha cidade está sofrendo,
muito mais do que antes.
Tivemos Mata-Sete,
Dois de Ouro,
Carga Torta,
Cinza, Buraco da Jia,
Coqueirinho,
Cercado do Zé Padre,
Cachoeirinha,
Curral,
Oitão Preto,
Estrada de Messejana,
Pirambu,
Km 8,
lugares, cantos, favelas,
gente que nos dava
muito trabalho.
Preocupavam `à Sociedade
e à Polícia.
Tudo passou.
Cordeiro Neto
e o General Assis
deram, cada um, a sua maneira,
o seu jeito.
Hoje, minha cidade chora
outros problemas.
Os buracos
no meio das avenidas,
as faltas de marcações
nas vias,
as placas que inexistem.
O lixo acumula-se
em todos os lugares.
Os assaltos em vários
estilos.
Desde a "pegadinha" bancária
a entrada dos apartamentos,
nos sinais de transito,
e dentro dos ônibus.
Não há sossego.
Os sequetros relâmpagos
continuam.
As praças centrais
estão mal cuidadas
e as do suburbio
abandonadas.

O tráfego é pessimo.
Faltam pontes,
elevados e viadutos.
O Detran nas ruas
já não existe.
Não há policiamento
de trânsito,
e os engarrafamentos
são terriveis
a todo dia a toda hora.
As ruas continuam
do mesmo tamanho
e aumenta o número
de veículos.
As autoridades se desmancham
em entrevistas chulas
nos programas de TV
e mostram que tem
"o rei na barriga".
Nada como pensar
ser Rainha.
Pouco resolvem.
O aparato policial
é deficiente
para tantos bandidos,
e tantas "gangues"
que proliferam a cada dia,
multiplicam-se.
Estamos
em novembro de 2010.
Fortaleza chora!


As avenidas Luciano
Carneiro,
13 de maio,
Jovita Feitosa,
José Bastos,
Washington Soares,
Barão de Studart,
Pe. Antonio Tomas,
Antonio sales,
Brasília,
Sargento Herminio Sampaio,
Francisco Sá,
estão intransitáveis
ou quase.
Para quem sai
do centro da cidade
o acesso a Maraponga,
a Parangaba,
ao Montese,
é muito ruim,
péssimo mesmo.
Quem vai para
o Conjunto Ceará,
onde os calçamentos
se desfiguraram ou,
mesmo para
Cidade Zé Walter,
se desespera.
O grande numero de motos,
ultrapassando pela direita
ou pela esquerda,
arrebenta com os nervos,
provoca batidas,
desastres, mortes.
Os catadores de lixo
com seus carrinhos de mão,
não conhecem regras
nem se interessam
em aprender.
As pessoas usam
a buzina com
insistência e impaciência,
o executivo se aperta no relógio;
À professora perde
o horário no ônibus
e na escola.
O motorista com grande
lotação
provoca um freio
de arrumação
que derruba a criança
e o velho.
Um homem bateu
com a perna na catraca
do cobrador e baixou hospital.


No Beco da Poeira
ninguém se entende,
pois,
mudou de lugar
e os roubos são grandes.
Há uma sujeira enorme
nos terminais de ônibus.
No bairro João XXIII,
na Granja Portugal,
no Mondubim
e no Mundubim Velho
as bodegas são gradeadas.
Nos botequins,
os ladrões saqueiam.
Faltam vagas nas poucas
escolas públicas.
Fortaleza se desespera.

Mais um morreu
na fila so SUS,
do INPS, do diabo.
Doentes são deitados
nas macas
e ficam brigando contra
o relógio
a espera
de um atendimento.
Um outro resolveu
seu problema.
Os medicos saturados,
com salarios pequenos,
não sabem o que fazer.
Os hospitais infantis
estão trabalhando
com a carga dupla
e até mais.
Faltam remédios,
até algodão.
A parturiente
que chegou
com o menino já morto
na barriga
reclama curetagem.
O idoso,
velho com diz o povo,
espera apenas por Deus.
Nesta cidade em novembro de 2010,
tudo o que existe de ruim
fixou moradia.

ou quase.

muito trabalho

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